
CRÍTICO LITERÁRIO
UEDISON PEREIRA
Eu sou Uedison Pereira, escritor capixaba, residente em Bélgica, formado em Turismo e Gestão de Hotéis pelo Institut Charles Péguy (BEL) e Licenciado em Humanidades pela Universidade Aberta de Lisboa (POR). Sou autor dos livros « O leão e as hienas e outras estórias » (contos) e « Os sons nas estações de um ser : arte poética » (poesia), lançados em Portugal e Brasil pelo selo Ipé das Letras.
coluna
Uma brisa literária sobre o verde da Feira do Livro de Lisboa 2025

A partir da esquerda : Fatunata Quebe, Uedison Pereira, Bacar Queta, Linia Brandt e Janaelle Cristina.
E que Feira! Há mil coisas pra contar nas poucas linhas desta coluna e tentarei, o quanto possível, fazer do meu melhor. A Feira do Livro de Lisboa 2025 foi para mim um grande evento e para revista Europa Literatura Network, da qual recebi, um tempo atrás, a proposta de fazer parte da revista para falar de literatura e aceitei, com o maior prazer, ser crítico literário. A princípio, uma proposta tentadora, mas cheia de arames, já que, como escritor, não é tarefa fácil falar de obras de colegas com a devida neutralidade. Por outro lado, saber que eu poderei falar de livros e eventos literários para uma revista é saber que usarei essa porta e todas as ferramentas para promoção, divulgação e fomento da literatura para uma comunidade muito variada, todavia unida pela língua: a Nossa Língua Portuguesa.
A revista Europa Literatura Network é recente, está em seus primeiros passos. A revista tem à sua frente a sua Diretora Executiva Linia Brandt, e dispõe de um estande de livros no Salão do Livro de Genebra, na Suíça. Um estande destinado aos escritores de língua portuguesa e a interessados em participar do salão, um dos mais importantes da Europa.
Como escrevo para a revista e tinha uma sessão de autógrafos no estande da Atlantic Books (minha editora em Portugal) na Feira do Livro de Lisboa, e a diretora Linia Brandt também tinha agenda na feira após o meu dia, chegamos a ideia de que faria muito bem à revista redigir um texto sobre a Feira do Livro de Lisboa.
E temos algumas coisas bem legais pra contar!
Parque Eduardo VII é uma descoberta que encanta...
Agora, por onde começar?
Não diria ser o começo, mas que tal contar que tive que negociar um cancelamento de reserva de quarto de hotel já no check-in do hotel por não ter gostado do que reservei, há poucos hora da minha sessão de autógrafos e logo a seguir ter de fazer outra reserva em outro lugar, por um site de alojamento famoso, sair a procura e descobrir que o dito hotel do site nem nome tinha e, ao conseguir, enfim encontrar o lugar, dar-me conta de que para entrar tinha que sair a procura das chaves que ficavam « escondidas » em caixinhas pretas com códigos e presas em postes na rua (sim, coisa de Lisboa), entrar e ver que… Tudo estava sujo! E sem tempo para desfazer-me de mais um quarto de hotel, pois restava-me pouco mais de uma hora para minha sessão, concentrei-me na alegria de estar em mais uma Feira do Livro de Lisboa. A casa de banho… Bem, não dá pra detalhar tudo. Tomei um banho às pressas e saí no calor da tarde do dia 6, numa Lisboa que parecia sempre estar em festa desde o aumento do fluxo de turísta. Em poucos minutos cheguei ao Parque Eduardo VII. O quarto sujo ficou para trás e o administrador assegurou-me de que tudo estaria limpo quando eu retornasse. E cumpriu, razoavelmente, o que prometera, pelo ao menos.
Esse primeiro dia de feira foi o dia da minha sessão de autógrafos, às 18 horas. Aproveitei o tempo para falar com alguns leitores e amigos que foram me apoiar. Dentre eles, o escritor português José Maria Frazão, que tinha sessão justamente após a minha, às 19 horas. Frazão é da charmosa cidade de Leiria, a umas poucas horas de Lisboa, indo para o norte. Ele estava na feira pelo segundo ano apresentando seu livro de fantasia « A Loca da Moura ». Li a obra e gostei muito : uma misto de « Mil e uma noites » e « Viagem ao centro da Terra ». Aliás, toda a estória se passa nos arredores da vila de Leiria, tendo por ponto de partida uma gruta, que de fato existe na localidade. Vivi a aventura da descoberta desta gruta e entrei ! Senti-me como os miúdos do livro. Ninguém sabe ao certo até onde vai dar, mas, dizem as boas línguas que as galerias subterrâneas adentram sob as colinas da região até… Onde a imaginação levar. Como fez com a imaginação deste talentoso escritor português. Leiria com certeza se alegra nessa aventura.

Pic-nic literário
Voltando a mim, não sou famoso e meu livro não faz nenhum buzuzu com o público. Então, não espere que eu conte aqui que foi um sucesso de vendas e que assinei dezenas de livros. Mesmo assim consegui vender alguns. Se bem que apareceram mais pessoas que queriam posar para fotos do que, propriamente, adquirir meu livro. Se todas elas tivessem levado um exemplar, poderia dizer que minha sessão tinha sido um sucesso. E olha que o livro estava por apenas 8 euros no estande da feira… 8 euros apenas… A Feira do Livro de Lisboa ainda tem a Hora H e dias de promoção (como leve 3 e pague 1 e por aí vai). A feira de Lisboa é muito diferente de uma bienal. Nas bienais de livros no Brasil há muito glamour e os escritores são celebridades distantes dos leitores. Na Feira, tudo é aberto e muitos escritores renomados ficam em suas cadeiras à beira-rua, nos estandes, sem o glamour brasileiro. São gente como a gente, valorizando o contato livro-leitor-autor e o público circula livremente no parque. E é esse um dos maiores encanto da Feira do Livro de Lisboa : totalmente voltada para livros. A rede de transporte público com autocarros e metro facilita a ida. Além de que Lisboa, apesar das subidas e descidas, é uma majestosa cidade para se fazer a pé. Andar até o Parque Eduardo VII é uma descoberta que encanta.
Segundo os sites eco.sapo.pt e 24noticias.sapo.pt, a Feira de Livro de Lisboa 2025 contou com um público de aproximadamente de 800 mil a 1 milhão de visitantess e que 71% desses foram à feira para comprar livros. E há pessoas que costumam levar muitos livros, aproveitando as promoções da Hora H, dos descontos propostos pela feira e os descontos nos estandes de editoras, como o meu livro «O Leão e as hienas e outras estórias ». No dia seguinte tinha na agenda um encontro com Línia Brandt, diretora chefe da revista Europa Literatura Network, também autora de alguns livros. Ela também tinha uma sessão de autógrafos no estande da Distribuidora Saudade, um estande independente que há muitos anos abre espaço para escritores sem editoras com estandes na feira. A proposta dessa agenda era reunir alguns escritores para um pequeno pic-nic literário na grama do parque. A ideia foi sucesso e teve até quem teve as vistas umidecidas… «do sol»… « Sim, sei… ». O momento parece ter ficado na memória de alguns… As belas imagens estão registadas (não se zangue pelo português híbrido, caro leitor. Estamos em Portugal, pa!) e poderão conferir tudo no instagram da revista @europaliteraturanetwork e no meu @uedison_pereira

Projetos que prometem!
Para o domingo, meu último dia de feira, foi proposto pela Diretora Chefe da revista Línia Brandt uma reunião com alguns escritores, profissionais do setor literário e o diplomata Bacar Queta, da Guiné-Bissau, no salão do Hotel Palácio, próximo à feira. Deste encontro sairam muitas ideias de projetos e ao passo que tudo se desenrolava, propus ao diplomata da Guiné Bissau coletarmos livros dos escritores lusófonos, com quem tínhamos contato, para doarmos à uma instituição ou a uma comunidade no país africano. O que, com júbilo, foi aceito de imediato por todos. Principalmente, na expressão facial da Diretora Chefe Janaella Cristiana, da editora Impácto Lusófono. Devo dizer que essa intermediação com o diplomata da Guiné-Bissau fui muito graças à ela.
Nesse encontro ficou, então, acordado que coletaríamos livros e que alguns escritores, em conjunto com a revista Europa Literatura network, ficariam encarregados de levar os livros coletados para a doação. E que o grupo iria à Guiné-Bissau, com data e local apontados pelo diplomata Bacar Queta, numa excursão literária. Em contrapartida foi proposto por Bacar Queta, apoiado por Línia Brandt, a possibilidade de organizar uma pequena feira literária lusófona em Paris para o ano 2026, com data e local a ser determinado pelo diplomata. A ideia não é levar somente escritores conectados com a revista Europa Literatura Network, mas a todo escritor e escritora lusófono ou não, para um convívio literário e (inter)cultural. Projetos que prometem! A Feira do Livro de Lisboa 2025 chegou ao fim e deixou, além dos belos momentos e imagens na memória, saudades e acordos de projetos que favorecem o fomento, a promoção e a divulgação da literatura em língua portuguesa pelo envolvidos, a ver : o grupo de escritores da revista Europa Literatura Network, este colunista e escritor Uedison Pereira, a Diretora Chefe da editora Impácto Lusófono Janaelle Cristina a, de Braga, o Assessor Jurídico Eduardo Albano, o Diplomata Bacar Queta e sua assistente (e esposa) Fatunata Quebe , da Guiné-Bissau, as teurapeutas Joelma Silva e e Ju Martins, que participam da coletânea literárias «Mulheres que cruzaram o oceano» e estreiam na escrita contando suas biografias. Uma obra que traz relatos autobiográficos de mulheres que imigraram para a Europa. A todos vocês, leitores da revista Europa Literatura Network, deixo aqui meu prazer por poder compartilhar essas notas do que ocorreu na Feira do Livro de Lisboa 2025.
Carpe diem.
Com meus mais sinceros cumprimentos a todos.
Uedison Pereira
Bélgica 13.07.2025